domingo, 1 de novembro de 2009

Insolação (nacional).

Dirigido por: Felipe Hirsch e Daniela Thomas.

Duração: 100 minutos.


 Insolação é um filme-poesia, são raros os filmes que seguem esta linha, por questões, quase óbvias, os produtores não costumam investir em filmes que não há público. A estória do filme se passa na solitária Brasília, com diversos personagens vivendo de alguma forma o amor, aqui a tristeza que o amor pode trazer.

Um poeta, interpretado por Paulo José, recita o que parece ser suas próprias, tudo está escrito em um caderno com páginas arrancadas e enfiadas entre outras páginas. A palavra tristeza escrita em uma solitária folha, são indícios de um filme não muito animado.

 Intercalando as poesias declamadas com imagens estáticas, poeticamente tristes, os personagens seguem interagindo e tentando obter um amor que devido as situações, se tornam impossíveis, vale destacar a solidão de cada um dos personagens, o poeta, um menino apaixonado, a princesa doente, um professor, uma escritora, uma menina apaixonada, um motorista ou cobrador de ônibus, um médico, uma ninfomaníaca, todos vivendo em um local tão solitário quanto eles, em alguns momentos, tive a vontade de estar em Brasília, para sentir esta solidão, que deve ser até perturbadora, o que não acontece em São Paulo, com tantas pessoas, é quase impossível você sentir uma real solidão. Já me disseram que Brasília aos finais de semana se torna um verdadeiro deserto.

Alguns dos personagens se encontram numa espécie de quiosque, moderados pelo poeta, eles vão demonstrando seus sentimentos, através da poesia, não compreendi se as poesias eram de cada um deles, ou apenas poesias do poeta, que se encaixam na vida de cada um deles.

As cenas do filme são muito belas, tanto fotografia, como a dramaticidade, ao passo em que a estória de cada um dos personagens vai se desenvolvendo, mais carregada de tristeza e angustia, as cenas vão se tornando, quase não há sorrisos dos personagens, todos passam sempre uma tristeza que dependendo do estado de espírito do espectador o filme pode ser muito incomodativo.

 Baseado na tristeza que o amor pode trazer, o filme vai sendo narrado através de poesias, é um belo filme, me lembrou os filmes mais poéticos do Win Wenders. Para as pessoas que gostam de poesia e de filmes com imagens poéticas, que soam cansativas ao espectador, mesmo sendo belas. É um ótimo filme, uma bela experiência poética-visual, mesmo com a falta de ação que torna o filme cansativo, principalmente numa situação atual onde temos filmes publicitários que querem prender nossa atenção a cada miléssimo de segundo e a massiva exibição de filmes hollywoodianos no Brasil.

Gosto da estética de filmes como esse, mas confesso, que há de se estar em um estado de espírito específico. Porque senão o filme se torna chato e cansativo, mas é um belo filme, uma ousada, mas nem tanto, atitude dos produtores e diretores, de fazer um filme, que tem um público específico, mas que gostará do filme pela beleza e tristeza que ele passa. Talvez ele passe no circuito comercial, dos cinemas que passam filmes alternativos e vale sim, perder uma hora e vinte minutos, com um filme tão poético.

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