terça-feira, 11 de agosto de 2009

O bandido da luz vermelha (nacional)
Dirigido por: Rogério Sganzerla

Duração: 93 minutos.


O bandido da luz vermelha é um dos filmes que consolidam o cinema underground brasileiro. É o primeiro filme de Rogério Sganzerla.

O próprio diretor confessou que o filme não era para ser sobre o bandido da luz vermelha, apenas aproveitou os recentes acontecimentos e adaptou a estória que já havia escrito, para poder promover o seu filme e uma estória de um fora da lei, um western moderno.

Sganzerla coloca como narradores dos filmes duas pessoas, um homem e uma mulher, dois jornalistas que vão falando sobre os acontecimentos que vão ocorrendo com o bandido. “-Ele não perdoa, além de roubar, ele estupra e mata”. Dizem os narradores que a cada momento se revezam nas palavras das frases. As cenas são desconcertantes, tem uma violência, só que não é algo explícito, tem um certo tom de critica social, algo minimalista, um modo de ver tanto a sociedade, como o modo de fazer filmes, na época de seu lançamento, o final dos anos 60.

A estória gira em torno dos roubos do Bandido e de seu romance com uma mulher. Ninguém sabe quem é o bandido, até dizem que ele é um Robin Hood brasileiro. Mas os narradores vão desmentindo todas as fábulas em torno do bandido. Como não podia deixar de ter, temos o bandido e o policial que tenta prende-lo a todo custo, sempre com tentativas fracassadas, sendo enganado pelo bandido e pressionado pelas autoridades e pela sociedade influenciada pelos jornalistas.

O mais interessante deste filme não é o enredo em si e sim o modo de narração que é usado para mostrar os fatos e colocar idéias e mensagens “criptografadas” que nem todos podem decifrar num primeiro momento, nem num segundo, é preciso ter certa bagagem cultural, só que elas estão ali para que possamos além de ver um filme, poder refletir sobre algumas questões que na época e hoje também são apontados como problemas por algumas pessoas. Tanto o modo como encaramos os bandidos, como o modo como encaramos o cinema nacional.

Sem querer defender o modo de vida de um bandido, Rogério coloca argumentos que mostram que apesar de tudo ele também é um ser humano, é claro que não está seguindo as leis da sociedade, mas não deixa de ser um humano. O cinema nacional deixa de ser uma cópia do cinema americano, os planos, os modos de narração, não são comuns de um western, que geralmente é cheio de ação, mocinhos e cavalos, aqui temos uma cidade grande, carros, pobreza.
Vale a pena assistir este filme não apenas por ser um filme do underground nacional, ele tem uma estética que não vemos em qualquer filme, com certeza é um dos melhores filmes nacionais, é uma pena que os filmes nacionais não são mais como estes, são poucos os que ainda ousam, porque não existe público e nem dinheiro para fazer isto. “Se eu fosse você” não perderia um verdadeiro filme nacional de qualidade muito acima da média que tem sido lançado.

Nenhum comentário: