quinta-feira, 30 de outubro de 2008

BOOGIE NIGHTS – PRAZER SEM LIMITES (Boogie nights)
Dirigido por: Paul Thomas Anderson
Duração: 156 minutos


Tinha vista este filme há muito tempo atrás numa solitária madrugada, ainda quando era bem novo, lembro que foi um dos primeiros filmes que vi que tinha cenas de sexo, mesmo não sendo explicito, foi algo que me impressionou, resolvi assistir novamente, nem tanto para lembrar aquela época, mais para conhecer a obra do diretor.


Um jovem que vive arrumando encrenca com a sua mãe que não aceita que ele não trabalhe em dois empregos e não estude é convidado para trabalhar em filmes adultos, ele que já não agüenta a sua mãe, resolve ir para o tão sonhado mundo da fama, como ator de filmes adultos.


Com um novo nome Dick Diggers, ele começa a fazer um grande sucesso no final dos anos 70, com seus filmes vendendo muito, ele logo ganha os principais prêmios do cinema pornográfico.


Mas o filme não conta apenas a estória de Dick Diggers, tem um o diretor que deseja fazer um filme que seja mais do que apenas dois atores transando, ele quer mudar o conceito, quer introduzir drama nos filmes para que as pessoas vejam os filmes inteiros, tem a sua esposa que abandonou um filme e é a principal atriz de seus filmes, a patinadora que largou a escola para viver um sonho de prazer, outros atores que desejam uma vida melhor, além das pessoas da equipe que esperam não apenas dinheiro mais fazer filmes.


Dick Diggers logo está fazendo uma série, como se fosse um James Bond do cinema pornográfico, com esta série ele faz muito sucesso e com este sucesso as festas com mulheres, homens e drogas.


Depois da introdução do vídeo em vez do filme, juntando com o aprofundamento nas drogas de Dick Diggers, ele acaba rompendo com o diretor que o revelou, ele tenta ser cantor de rock, mas não dá certo, o diretor tenta achar um novo ator, mas não dá certo e a vida de Dick Diggers começa a ir cada vez mais para o anonimato.


Depois de problemas sérios com brigas, drogas, os personagens começam a ter os seus destinos, sejam eles felizes ou não.


Gosto deste filme porque ele mostra os bastidores da produção dos filmes pornográficos, desde quando eles usavam filme (película), até a popularização do vídeo no meio e mostra também que a pornografia apesar de dar muito dinheiro, tem os seus contras, não é apenas um mundo fantástico onde pessoas transam e transam, tem um profissionalismo. E a estória do filme é boa, é um filme com mais de duas horas e em nenhum momento se torna um filme chato, onde não se vê a hora de acabar.


Vale muito a pena assistir, mas não veja na sala com seus pais.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DOIS “CINEASTAS” E SEUS LIVROS

Resolvi escrever sobre dois livros que me inspiraram a continuar a batalhar para conseguir fazer os meus filmes, de duas pessoas que tem um seguimento diferente na arte de fazer filmes, mas que igualmente tem a coragem, garra e paixão por esta arte.

Manifesto Canibal
Autor: Petter Baiestorf e César Souza
Editora: Achiamé
Este é um livro escrito por Petter Baiestorf e seu braço direito César Souza, Petter já tem mais de dez anos fazendo filmes na cidade de Palmitos – SC, distribuídos pela sua produtora a CANIBAL FILMES de forma totalmente independente e underground.

No Manifesto Canibal ele prega uma nova forma de fazer filmes, no estilo “Kanibaru Sinema”, que é um modo de conseguir fazer seus filmes com pouco dinheiro e não precisar do governo e empresas privadas para conseguir colocar as suas idéias em prática. É um chute na cara da burguesia que fica fazendo seus curtas-metragens com o dinheiro do governo e não acrescentam nada a sociedade, é um manifesto pela livre arte de poder colocar o que você realmente deseja nos seus filmes, mesmo sem apoios ou dinheiro.

Há também o ácido humor de baiestorf, quando ele conta como chocar “os intelectuais” que freqüentam festivais e ficam “pagando pau” para diretores da moda.

Um livro essencial para aqueles que gostam de cinema underground, arte contestadora, “uma declaração de guerra dos que nada tem e tudo fazem, contra os que tudo tem e nada fazem” – como está escrito no final do livro.

Adquira o seu pelo blog: http://www.bohemiosdacultura.blogspot.com em duas horas você lê e não serão duas horas perdidas.

Em águas profundas(Cathing the big fish)
Autor: David Lynch
Editora: Gryphus

Um dos mais importantes cineastas americanos da atualidade, com seus curtas experimentais e filmes totalmente fora dos padrões hollywoodianos, um dos meus cineastas preferidos, por conseguir passar os mais diversos sentimentos em seus filmes.

No EM ÁGUAS PROFUNDAS, Lynch fala de como a meditação transcendental faz bem para a sua vida e seu processo de criação e ainda conta um pouco de como foi produzir seus longas, atores e a série Twin Peaks.

Quem não gosta de meditação ou não conhece as obras de Lynch pode achar o livro chato, no entanto se você gosta de apenas um dos dois pode ser uma leitura agradável, para quem não é adepto da meditação pode ver curiosidades sobre as suas obras e o seu modo de pensar sobre cinema, atores, estúdios, cinema digital, novos cineastas e seus filmes preferidos.

Um das partes que mais me chamaram a atenção é quando ele diz que Duna, um fracasso, não teve uma boa finalização porque ele não cuidou de todos os detalhes da produção e deixou a versão final por conta dos estúdios, que não fizeram a estória do jeito que ele tinha imaginado.

O que não gostei é que ele não se aprofunda em alguns assuntos que desperta a curiosidade dos leitores, principalmente sobre os seus filmes, mas como ele mesmo disse, não é bom falar dos filmes para não perderem a magia.

Finalizo com uma frase do livro: “Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que entrar em águas profundas”.



Faço um paralelo entre os dois “cineastas” (mesmo petter não gostando do título), de que os dois conseguem fazer o que gostariam e acreditam como deve ser o cinema, Baiestorf com seus filmes mais explícitos com as cenas de violência com equipamentos baratos, sem equipe especializada e sem as altas verbas do governo. Lynch com sua violência menos explícita e mais psicológica, mesmo estando em Hollywood consegue fazer os filmes do jeito que quer. Cada um ao seu jeito consegue transmitir a suas mensagens que na maioria das vezes falam da podridão da humanidade, como a ignorância e a violência.

domingo, 12 de outubro de 2008

Mister Vingança (sympathy for mr. Vengeance)
Dirigido por: Chan Wook Park
Duração: 120 minutos



Este é o primeiro filme da trilogia da vingança do sul coreano Wook Park.


Um jovem Surdo e mudo, que trabalha várias horas diárias em uma empresa para poder pagar um transplante de rim para a irmã que mora com ele e precisa urgente do transplante.


O hospital não consegue nenhum doador, até que o jovem resolve, conseguir um órgão com o tráfico, mas para isso ele tem que dar $10.000 won (dinheiro coreano) e o seu rim que não é compatível com o da irmã, por troca de um rim que seja compatível.


Ele é enganado pelos traficantes, que pegam seu dinheiro e também o seu rim.


Junto de sua namorada uma militante de um grupo anarquista terrorista, eles planejam um seqüestro, já que o hospital conseguiu um doador para sua irmã, mas ele não tem mais o dinheiro.


Seqüestra a filha de um empresário, eles conseguem o resgate, mas sua irmã descobre e se mata e um acidente acaba por matar a menina seqüestrada.


No desespero por tudo aquilo ter acontecido, tanto o jovem surdo como o pai da menina, resolvem se vingar, o jovem surdo vai atrás dos traficantes, para pegar o que lhe foi de direito, e o pai da menina, vai atrás do jovem surdo para vingar a morte da filha.


Depois de tantas reviravoltas, eles se encontram e o destino não guarda o melhor para o final para os dois.


Com um roteiro impecável, imagens maravilhosas, com planos não muito comuns no cinema ocidental, a direção impecável e as atuações emocionantes, Wook Park consegue um resultado surpreendente num filme que tem cenas violentas e fortes paradoxalmente com cenas delicadas e belas, um filme que fica na memória.


As duas outras continuações, são Old Boy, que ganhou alguns prêmios e foi o primeiro a ser lançado no Brasil e Lady Vingança, que ganhou o prêmio do júri do festival de Veneza, todos filmes contemporâneos imperdíveis.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Irreversível (Irreversible)
Dirigido por: Gaspar Noe
Duração: 98 minutos

Irreversível é um dos filmes que quando você assiste causa paradoxalmente a sensação de estranheza e de “que filme bom da porra”!.

Neste filme a história é contada de trás para frente, primeiro vemos o que acontece no final da história, temos duas pessoas conversando que liga com a saída de um rapaz de uma boate gay com o braço quebrado e outro que está indo preso.

Como as coisas vão voltando agora vemos a briga que resulta no braço quebrado e porque o cara acaba sendo preso.

Com uma câmera totalmente inconstante permanece rodando, filmando as paredes e o teto, raramente ela para numa cena específica, vemos dois rapazes dentro de uma boate gay, procurando uma pessoa, eles vêm vários homens transando, com violência ou não, totalmente em público, quem estiver dentro do local pode presenciar as cenas de pudor.

As cenas são muito tensas, ápice dramático do filme é no começo, quando eles procuram a boate gay, já que eles não sabem onde fica e muitas pessoas para as quais eles perguntam não sabem, batem em travestis, em pessoas num bar e até roubam um táxi para encontrar a boate.

Depois vemos uma das cenas mais perturbadoras e que tirou muita gente das salas de cinema antes de terminar, quando esteve em cartaz pelo mundo, tem uma cena de estupro que dura pouco mais de vinte minutos desde as preliminares até o final onde ele espanca a moça, é realmente uma cena muito forte.

Anterior a isto o casal está numa festa, se drogando, dançando, bebendo e se divertindo, até que há uma briga e a moça vai embora.

O casal está indo para a festa e se vê numa discussão com o ex-namorado dela, que insiste em saber por que o atual namorado é melhor na cama do que ele.

Antes de tudo, onde já são as últimas cenas, o casal está feliz, não se importando com o que há ao redor, eles apenas vivem o seu momento feliz, parecendo que aquilo nunca vai acabar, até que aparece a mensagem final do filme que é: O tempo tudo destrói.

Gosto deste filme principalmente pela sua câmera e efeitos de pós-produção que são muitos bons, a violência que não mede esforços em agradar e fazer uma estória bonita, e se não fosse o tempo não se passasse ao contrário talvez não fosse tão interessante, um dos meus filmes preferidos.