terça-feira, 3 de novembro de 2009

A fita branca (Das Weisse Band)

Dirigido por: Michael Haneke

Duração: 145 minutos



 Michael Haneke é um diretor um pouco mais conhecido depois de ter feito o tenso e maravilhoso “Violência gratuita” que já foi resenhado aqui. Teve até um remake hollywoodiano dirigido por ele mesmo. Este filme ganhou o leão de ouro de Cannes este ano. Uma sessão lotada para ver um filme em preto e branco, provavelmente por causa do prêmio em Cannes. Este é um filme difícil de resenhar, porque posso dar a minha interpretação do suspense e estragar o raciocínio de algumas pessoas ou ajudá-las, vou tentar ser o menos esclarecedor possível, quem quiser depois me pergunte o que aconteceu.

 O filme começa com lindas cenas em preto e branco de uma pessoa andando de cavalo, quando o cavalo cai e temos uma tensa cena de um medico que está com dores apos a queda, sua filha e vizinha chamam ajuda. O medico vai para o hospital, fica internado mas não morre, o filme é narrado em off, mas conhecemos o narrador, que é um professor que mora na vila, que é comandada por um barão, o filme se passa na terra natal de Haneke, Áustria. 

 Depois do medico temos outro “acidente” que acontece, desta vez com uma morte. Depois acontecem algumas violências com algumas das crianças da comunidade que assustam as pessoas que não sabem o que fazer, porque não encontram nenhum culpado. Durante todo o filme temos sutis indícios de quem possam ser os culpados pelos atos de violência. O titulo do filme pode ser uma boa ajuda para descobrirmos o que é todo o suspense. Falando em suspense, o filme é muito tenso.

Haneke a todo instante passa imagens e situações que faz com que se sinta, muito angustiado, por não ter respostas, ele vai apenas apontando fatos e não esclarece nada, cenas cada vez mais tensas, chegando a ápices quando temos diálogos que passam uma violência psicológica intensas, como o medico sendo totalmente violento com uma amante, que é parteira do vilarejo. E outras de um pastor com seus filhos, quando eles fazem o que não é da religião deles. Quem viu Violência Gratuita, infelizmente único filme que vi do Haneke, sabe como ele usa a psicologia dos personagens para causar situações muito tensas, a fotografia obscura, o preto na maior parte do tempo se sobressaindo sobre o branco, tendo subexposições macabras e cenas com a câmera estática e alguns momentos sem diálogos e ações intensificam a tensão que o filme vai causando, não há como não ficar angustiado.

 Em paralelo aos crimes temos mostrado a cultura e costumes de um povo que vive um momento pré-guerra na Europa, situações de um pequeno vilarejo que dependem de trabalho que é dado por um barão que comanda tudo o que acontece na cidade, algumas situações de exploração, como as pessoas se relacionavam com os filhos, as situações de pré-casamento e noivado, tudo isto mostrado com sutileza, mesmo inserido num contexto violento de crimes e toda a tensão do filme.

 Não vi todos os filmes que concorreram ao leão de outro este ano, este é um bom filme, não sei se mereceria o prêmio. Apesar de ter saído da sala com a sensação de angustia de não ter entendido o filme, depois de uma reflexão, não tão longa, percebi o sentido da estória e o que o cineasta queria passar. Um suspense que não revela o criminoso no final pode ser frustrante, mas deixar que o público tenha as suas opiniões é ótimo também, só não podemos ter uma conclusão precipitada e inocente, mas os sinais estão todos pelo filme. Uma maravilha de filme, longo, pode lhe causar mal estar, não tem cenas de violência física explícita, mas pode lhe deixar bem mal, principalmente pela tensão, que tanto falei neste texto.


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