segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DOIS “CINEASTAS” E SEUS LIVROS

Resolvi escrever sobre dois livros que me inspiraram a continuar a batalhar para conseguir fazer os meus filmes, de duas pessoas que tem um seguimento diferente na arte de fazer filmes, mas que igualmente tem a coragem, garra e paixão por esta arte.

Manifesto Canibal
Autor: Petter Baiestorf e César Souza
Editora: Achiamé
Este é um livro escrito por Petter Baiestorf e seu braço direito César Souza, Petter já tem mais de dez anos fazendo filmes na cidade de Palmitos – SC, distribuídos pela sua produtora a CANIBAL FILMES de forma totalmente independente e underground.

No Manifesto Canibal ele prega uma nova forma de fazer filmes, no estilo “Kanibaru Sinema”, que é um modo de conseguir fazer seus filmes com pouco dinheiro e não precisar do governo e empresas privadas para conseguir colocar as suas idéias em prática. É um chute na cara da burguesia que fica fazendo seus curtas-metragens com o dinheiro do governo e não acrescentam nada a sociedade, é um manifesto pela livre arte de poder colocar o que você realmente deseja nos seus filmes, mesmo sem apoios ou dinheiro.

Há também o ácido humor de baiestorf, quando ele conta como chocar “os intelectuais” que freqüentam festivais e ficam “pagando pau” para diretores da moda.

Um livro essencial para aqueles que gostam de cinema underground, arte contestadora, “uma declaração de guerra dos que nada tem e tudo fazem, contra os que tudo tem e nada fazem” – como está escrito no final do livro.

Adquira o seu pelo blog: http://www.bohemiosdacultura.blogspot.com em duas horas você lê e não serão duas horas perdidas.

Em águas profundas(Cathing the big fish)
Autor: David Lynch
Editora: Gryphus

Um dos mais importantes cineastas americanos da atualidade, com seus curtas experimentais e filmes totalmente fora dos padrões hollywoodianos, um dos meus cineastas preferidos, por conseguir passar os mais diversos sentimentos em seus filmes.

No EM ÁGUAS PROFUNDAS, Lynch fala de como a meditação transcendental faz bem para a sua vida e seu processo de criação e ainda conta um pouco de como foi produzir seus longas, atores e a série Twin Peaks.

Quem não gosta de meditação ou não conhece as obras de Lynch pode achar o livro chato, no entanto se você gosta de apenas um dos dois pode ser uma leitura agradável, para quem não é adepto da meditação pode ver curiosidades sobre as suas obras e o seu modo de pensar sobre cinema, atores, estúdios, cinema digital, novos cineastas e seus filmes preferidos.

Um das partes que mais me chamaram a atenção é quando ele diz que Duna, um fracasso, não teve uma boa finalização porque ele não cuidou de todos os detalhes da produção e deixou a versão final por conta dos estúdios, que não fizeram a estória do jeito que ele tinha imaginado.

O que não gostei é que ele não se aprofunda em alguns assuntos que desperta a curiosidade dos leitores, principalmente sobre os seus filmes, mas como ele mesmo disse, não é bom falar dos filmes para não perderem a magia.

Finalizo com uma frase do livro: “Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que entrar em águas profundas”.



Faço um paralelo entre os dois “cineastas” (mesmo petter não gostando do título), de que os dois conseguem fazer o que gostariam e acreditam como deve ser o cinema, Baiestorf com seus filmes mais explícitos com as cenas de violência com equipamentos baratos, sem equipe especializada e sem as altas verbas do governo. Lynch com sua violência menos explícita e mais psicológica, mesmo estando em Hollywood consegue fazer os filmes do jeito que quer. Cada um ao seu jeito consegue transmitir a suas mensagens que na maioria das vezes falam da podridão da humanidade, como a ignorância e a violência.

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